Soneto do amor total, Poema de Vinicius de Moraes, narrado por Toni Martin
Poemas de Amor - Un pódcast de Histórias extraordinarias
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Escrito em 1951 para a então companheira Lila Bôscoli, Soneto do Amor Total é uma das composições mais celebradas do poeta Vinicius de Moraes. A criação trata das complexidades desse sentimento tão poderoso, o amor. Os versos discorrem sobre a entrega e as contradições inerentes à paixão. O poema Soneto do Amor Total está voltado para temática do amor romântico. Nele o eu-lírico promete uma entrega total e absoluta apesar de demonstrar estar ciente da finitude do sentimento. Vejamos a composição estrofe a estrofe. Primeira estrofe Amo-te tanto, meu amor… não cante O humano coração com mais verdade… Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade. Extremamente poética, a segunda estrofe se debruça sobre o tempo do amor - que vive no presente e também na expectativa de futuro. O eu-lírico está agora com a amada vivendo uma situação de aconchego e plenitude, mas ao mesmo tempo é capaz de se projetar para uma situação onde irá vigorar a ausência (e garante que também nesse contexto irá sentir amor). Segunda estrofe Amo-te enfim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Extremamente poética, a segunda estrofe se debruça sobre o tempo do amor - que vive no presente e também na expectativa de futuro. O eu-lírico está agora com a amada vivendo uma situação de aconchego e plenitude, mas ao mesmo tempo é capaz de se projetar para uma situação onde irá vigorar a ausência (e garante que também nesse contexto irá sentir amor). Terceira estrofe Amo-te como um bicho, simplesmente, De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. Nesse trecho o poema é permeado por um tom sensual. Há uma comparação com a natureza animal, o que relembra o leitor do que há de voraz e irracional no sentimento amoroso. Ao longo desses três versos testemunhamos como o amor é instintivo e desprovido de razões. Não sabemos a sua origem e o afeto não está ligado à qualquer tipo de merecimento ou de explicação lógica. Essa estrofe é curiosa porque reveza a noção de constância ("um desejo maciço e permanente") com uma percepção de que no amor há descontrole ("como um bicho, simplesmente"). Quarta estrofe E de te amar assim muito e amiúde, É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude. Ao longo da quarta estrofe tomamos consciência de que o amor é um sentimento que se consome. Apesar da triste constatação da finitude do afeto, o sujeito poético se encontra conformado ao já saber o destino desse sentimento tão poderoso. É importante perceber que mesmo sabendo do destino do amor, o sujeito poético não deixa de viver o afeto na sua plenitude, extraindo do sentimento toda a beleza que pode. Estrutura do poema A criação de Vinicius de Moraes é composta a partir de uma estrutura clássica, o soneto, uma das mais tradicionais modalidades de forma fixa. A estrutura é composta por dois quartetos e os dois tercetos totalizando 14 versos decassilábicos regulares. O formato soneto começou a ser relembrado pelos poetas modernistas especialmente durante a segunda fase do movimento. Além de Vinicius de Moraes outros autores consagrados como Manuel Bandeira também optaram por criar seus versos a partir dessa forma fixa.