Romance da Bela infanta, poema do século XVIII GARETT Interpretação Toni Martin

Poemas de Amor - Un pódcast de Histórias extraordinarias

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Chorava a infanta chorava na porta da camarinha Perguntou-lhe o rei seu pai: Por que choras filha minha? Eu não choro senhor pai, se chorasse razão tinha Todas eu vejo casadas, só a mim vejo sozinha. Procurei no meu reinado, filha, quem te merecia Só achei o conde Olário e esse já mulher havia Ai meu rei pai de minh’alma, esse mesmo é que eu queria Mande aqui chamar o conde pela vossa escravaria Palavras não eram ditas, já o conde chegaria E que a vossa majestade quer com minha senhoria? Mando que mate a condessa pra casar com minha filha E traga a cabeça dela nesta dourada bacia Sai o conde por ali com tristeza em demasia Ter que matar a mulher, e a mulher não merecia A condessa que o esperava para abraça-lo corria Com o filhinho nos braços já de longe bem ouvia Sentaram-se os dois a mesa, nem um nem outro comia As lágrimas eram tantas que pela mesa corriam Porque choras senhor conde, desafogue essa agonia Me dê a sua tristeza que lhe dou a minha alegria Ou te mandam pra batalha ou te mandam pra Turquia Nem me mandam pra batalha nem me mandam pra Turquia O rei manda que te mate, pra que case com sua filha E quer a sua cabeça nessa dourada bacia Não me mate senhor conde, um remédio haveria Vou meter-me em um convento da ordem da freiraria Lá guardarei castidade e a fé que te devia. Como pode ser tal coisa condessa da minha vida O rei manda que te mate pra casar com sua filha E quer sua cabeça nessa dourada bacia Deus que te perdoe meu senhor conde lá na hora da cotia Me tragam aqui meu filho entranhas da minha vida Deste sangue do meu peito, beberá por despedida Bebe meu filhinho, bebe, este leite de agonia Hoje aqui ainda tens mãe que tanto bem te queria Amanhã terás madrasta de mais alta fidalguia Já ouço tocar o sino, ai meu Deus quem morreria? Morreu foi a bela infanta, pela culpa que trazia Descasar os bem casados, coisa que Deus não queria.